A ameaça do risco operacional na indústria petroleira
O setor petroleiro precisa agir agora para evitar riscos operacionais que ameacem a rentabilidade.
Nos últimos dois anos, o preço do petróleo apresentou uma queda livre e, no momento da elaboração deste documento, estava cerca de 50 USD/barril, uma leve alta em relação ao valor na ocasião do anúncio da OPEP no final de setembro de 2016 de que reduziria a produção em 2,2%. Por causa da desaceleração da demanda nas economias do BRIC e do excesso de oferta de petróleo bruto, a indústria pareceu inicialmente acreditar que os preços baixos não durariam e, portanto, demorou a reagir. Depois, adotou medidas drásticas de redução de custos para reajustar as estruturas de despesas à deflação. O que agora se tornou evidente para o setor é o fato de a queda acentuada no preço do petróleo bruto, que não é nova, está ocorrendo em ciclos sempre mais curtos. Produtores de petróleo devem adaptar-se com mais agilidade se quiserem permanecer rentáveis. Após dois anos de redução de custos e da transformação do setor, fica a questão de como reajustar rapidamente o roteiro de segurança e os processos de mitigação de riscos para proteger todos os esforços destinados a gerar caixa a partir das operações.
Medidas de corte de custo demoram a mostrar resultados
Quando os preços do petróleo bruto caem, os produtores têm historicamente cortado custos, mas essas medidas demoram a ter efeito. Como um navio cujo motor é desligado, a maioria das grandes empresas petrolíferas continua se movendo de acordo com o atual impulso. Tradicionalmente, têm demorado mais de quatro anos para que as companhias de petróleo e gás ajustem as despesas operacionais (OPEX) à deflação do mercado devido a restrições inerentes do portfólio e das operações.
É durante esses períodos de instabilidade de preço que a gestão dos riscos operacionais – identificação, avaliação e controle dos perigos com base nos níveis potenciais de severidade e probabilidade de ocorrência – deve ser prioritária para as empresas do setor de petróleo e gás natural. Adotar tais medidas vai permitir que as empresas evitem incidentes dispendiosos e altos prêmios de seguro e assim continuem buscando rentabilidade, garantindo a segurança dos funcionários e assegurando seu direito futuro de operar.
Impacto perceptível na segurança dois anos depois
As empresas petrolíferas estão atualmente a meio caminho de sua jornada do corte necessário de custos CAPEX e OPEX, e experiências passadas têm demonstrado que uma queda do preço do petróleo é seguida, após cerca de dois anos, de uma maior frequência de incidentes com afastamento no setor.
Como demonstra a Figura 4 (ver no PDF), a queda dos preços do petróleo entre 2000 e 2002 foi seguida por um aumento de 6% na frequência dos incidentes com afastamento em 2002 e 2003. E, mais uma vez, quando o preço do barril caiu bruscamente em 2008 e 2009, o setor experimentou um aumento de 14% nas taxas de incidentes com afastamento em 2012 em comparação com 2010.
As razões para esse aumento nos incidentes de segurança são variadas. Produtores de petróleo que cortam custos demitem funcionários. Muitos deles são trabalhadores mais velhos e experientes que foram mentores ou orientadores que promoveram a cultura de segurança da empresa. Corte de custos também gera uma pressão adicional sobre fornecedores para que façam o mesmo. Isso tende a ter um efeito na qualidade e, portanto, na segurança dos materiais fornecidos. Uma redução das despesas operacionais também está frequentemente ligada a uma queda nas atividades de manutenção, porque tubulações que foram desativadas, por exemplo, não precisam de manutenção. Esse e outros riscos são um verdadeiro dilema para a indústria petrolífera. A maioria das empresas sabe que, quando o mercado se aquecer novamente, não terão imediatamente pessoas suficientes para tratar de todos os potenciais riscos e problemas.
Apesar de estarem no meio da crise de preço do petróleo, as companhias de petróleo deveriam tomar medidas urgentes agora para evitar problemas daqui dois anos. Elas não podem se dar ao luxo de esperar a elevação dos preços novamente, caso contrário futuros incidentes de segurança podem custar vidas e prejuízos.